sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O Cheiro do Ralo – “Você gosta? Do cheiro da bosta?”


Selton Mello ao ler o livro do ator, cartunista e escritor, Lourenço Mutarelli, logo saiu correndo e se ofereceu para o papel que segundo ele seria o melhor de toda sua carreira. Não obstante, ele estava correto, e olha que nem Chicó ao lado do seu fiel João Grilo, nem o ex-traficante João Estrela interpretado no Meu Nome Não é Johnny, muito menos o falecido Jean Charles (R.I.P) podem chegar aos pés da figura mais exótica, podre, quixotesca, fanfarrona e encantadora das telas do cinema.
O Cheiro do Ralo é um filme que dá um tapa na cara dos politicamente corretos, dos que crêem em conceitos acima de qualquer outro sentimento pessoal, dos que se martirizam pisando em cima de uma vontade agarrado a conceitos. Muitos podem achar o filme grosseiro e nojento, mas é impossível ficar indiferente a ele.
Espécie de crônica de um cara de meia idade, solitário, depressivo e extremamente irônico, o filme nos presenteia com diálogos sensacionais e personagens maravilhosos. Além do fato do próprio Mutarelli participar com uma atuação brilhante.
Lourenço (Selton Mello) é um revendedor e comprador de tralhas que não nos são mais de utilidade relevante, vive em uma espécie de “casa de penhores”, adora provocar e desmerecer as pessoas que vão humildemente oferecer seus produtos. Obcecado com um cheiro de merda que vem do ralo do banheiro e pela bunda de uma balconista de um boteco, ele decide tomar um rumo em sua vida em se “enquadrar” na normalidade dos demais, mas fracassa, pois é extremamente exagerado e apocalíptico.

Uma obra prima, entre as melhores já produzidas a nível nacional.

David Vega

Nenhum comentário:

Postar um comentário