Apresentação
Quando
tinha por volta dos nove ou dez anos, como toda criança de sítio, cresci
subindo em árvores no quintal de casa, em um município nos arredores da grande
São Paulo. As minhas brincadeiras junto de meus camaradas envolviam pendurar
balanços improvisados, amarrar cordas com nós para subirmos até o topo;
fazíamos também pontes e atravessávamos entre as árvores. Rastejar-se pela lama
era quase que frequente. Parecia um treinamento de escotismo. Por vezes caíamos
e com um braço luxado e arranhões na época do mertiolate que ardia, meu pai
esbravejava de preocupação (e com razão), mas vinda a calmaria depois, ao ver
as nossas façanhas, ele comentava com mamãe – “acho que o David quando crescer
seguirá a carreira militar”. Muito devido às nossas brincadeiras no sítio e a
disciplina que recebi de meu pai, eu incorporei aquela ideia, e passei a ter
interesse em tudo que orbitava o mundo bélico.
Meu
pai, certo dia, mostrou-me suas fotos de quando serviu na artilharia antiaérea
do exército espanhol ainda nos anos 1960, em pleno regime franquista, pouco
antes de emigrar para o Brasil. Todos os dias eu abria aquele álbum e ficava
vendo cada detalhe das fotos. A rojigualda com o escudo da águila de San
Juan no dia do juramento à bandeira, o regimento posando para a câmera e as
fotos de meu velho com seus companheiros descontraídos nos beliches com
garrafas de vinhos e cartas de baralho espalhadas em meio de apostas e fuzis,
lembro das histórias de sua época de quartel.
Dentre elas, me vem à memória aquela de 1969, quando
viajando em um trem, creio eu que em Astorga (Leon) eles acompanharam pelo
rádio Neil Armstrong dando seus primeiros passos na lua, ou da vez em que um
dia de frio intenso, durante uma guarda, acharam um estábulo e foram dormir com
as vacas para se aquecerem, tomando orujo (aguardente de uva) nos cantis. Também
a do jovem que tentou salvar um capitão em um dia de treinamento básico, quando
caiu uma granada por acidente próximo do oficial, e ele pegou o explosivo para
lança-lo longe de lá - o mesmo explodiu enquanto o carregava, causando a sua
morte; papai disse que a família do recruta recebeu uma medalha por parte do
governo. Ah! Talvez a mais emocionante é de quando faziam exercícios de
artilharia com canhões teleguiados ainda da Segunda Guerra Mundial e quase
abateram um avião comercial, receberam um esporro do oficial encarregado. Contou-me
que seu regimento tinha um oficial que portava a cruz de ferro, fora um
voluntário da Divisão Azul na frente russa.
A
mais assustadora é de quando tiveram que ficar de prontidão devido uma ordem
que veio do alto comando, quando tensões ocorreram no Mediterrâneo, em uma
suposta ordem do próprio caudilho generalíssimo Franco na tentativa de
recuperar Gibraltar das mãos dos ingleses, hoje seu território ultramarino
(Franco sempre quis recuperar o estreito e o rochedo estratégico militarmente
que a Espanha perdeu para a Inglaterra em 1713 com o Tratado de Utrecht) – os
soldados ficaram armados em alerta no quartel esperando uma possível atuação,
mas depois nada aconteceu, e até a morte do caudilho, ficou sendo apenas uma
sombra distante a causa de Gibraltar, um nacionalismo espanhol parecido com o
caso das Malvinas aos argentinos. Meu pai chegou à patente de cabo, e
desempenhou função de sargento.
Naqueles
tempos, o exército, assim como a escola, eram os garantidores da introdução da
cidadania ao indivíduo. Para um garoto nascido em um pequeno pueblo (aldeia)
que não conhecia nada além de sua vizinhança, o serviço militar era uma
oportunidade para conhecer além daquela realidade. Um irmão de meu pai serviu no
norte da África, no Saara Ocidental e foi uma experiência exótica. Certa vez me
disse que lá era preciso ficar atento, pois os mouros guerrilheiros costumavam
degolar os sentinelas para roubarem os fuzis. O calor do deserto era tamanho,
chegando a ferver a água do cantil.
Na
medida em que fui crescendo, alimentado por estas histórias, passei a me sentir
pertencente a tudo isso. Tais feitos viriam a engrandecer o coração e se
intensificar em mim depois que descobri outro evento grandioso em que um
familiar havia participado. Meu avô, na Guerra Civil Espanhola (1936-1939).
Entrei em contato com um primo no além mar e o mesmo enviou uma foto
digitalizada amarelada, quase que desbotada, de meu abuelo em 1936, pouco antes
de partir para o front. Outra vez fui alimentado pelos relatos de papai, que narrou-me
o que havia ouvido de seu próprio pai e tios, enviados para lutar no exército
nacionalista contra as Brigadas Internacionais na revolução que antecedeu o
segundo conflito mundial. Abuelo lutou na frente de Zaragoza, em Aragón, também
na batalha de Teruel, de 1937, no inverno rigoroso, quando os republicanos
retomaram a cidade e os sublevados após recuarem fizeram outra investida, dividindo
a zona legalista em duas. Meu avô veterano contava sobre seus amigos que
amanheciam congelados na trincheira, da vez em que repartiu um pão, isolado em
uma gruta e foi a única refeição que tiveram por dias enquanto entocados
esperavam passar uma nevasca. Foi ferido com metralha na perna e morreu de
gangrena em 1984 (quatro anos antes de eu nascer).
Outros
tios avós meus também foram veteranos, dois deles conheci quando estive na
minha terra de origem; o tio Daniel, que tinha uma cicatriz de tiro no braço
“metralla de los rojos” (metralha dos vermelhos) disse-me quando contava de sua
participação na guerra, e o tio Diamantino, padrinho de meu pai, que estava em
um asilo com mais de noventa anos. Quando adentrei a seu recinto, ao lado de
sua cama na casa de repouso, na cômoda, estava repleto de livros de guerra,
todos com passagens grifadas e ele entusiasmado me contava de suas façanhas na
revolução, bem como sobre os livros que estava lendo, particularmente ele
gostava das campanhas do Dia D. Leon, a província de onde vem minha família, no
passado foi a Legio VII Gemina romana, além de ter tido influência visigótica,
povos que definem muito a qualidade combativa de seus filhos guerreiros.
Por
parte da família de minha mãe, meu avô, que foi um mascate durante o regime
militar brasileiro, disse-me uma vez algo que nunca esqueci quando estive em
seu casebre humilde: “um dia você vestirá a farda de um soldado, meu filho”.
Nunca tive a oportunidade de conhece-lo tão bem, mas sei que ele admirava os revolucionários
paulistas de 1932. Minha avó tinha recordações das queimadas de roças de café
ordenadas por Vargas para ajustar o preço, e eram críticos ao “pai dos pobres”
(como boa parte dos paulistas derrotados na revolução). Além do fato de meus
primos do interior de São Paulo serem boa parte deles da Polícia Militar.
Na
pré-adolescência, contagiado por um passado militar grandioso de minha família,
eu passei a devorar todo livro que achava sobre o tema quando passava horas nas
livrarias Sebo da minha cidade, principalmente os números da Bilbliex – A
Biblioteca do Exército Editora. Colecionava miniaturas de aviões, tanques,
soldadinhos de chumbo e os artigos históricos de Militaria; medalhas e peças
diversas. Decidido que um dia me tornaria um soldado. Bem, infelizmente não foi
tão fácil. Quando fiz dezoito anos fui voluntário no CPOR de São Paulo e passei
nos testes físico e intelectual. Estava tudo decidido e certo para eu
incorporar à corporação. Escolhi a infantaria, dentre as quatro armas, e
chegaram até a tirar as minhas medidas para a tão sonhada farda. Estive por
três dias no quartel. Aprendi a marchar, cheguei a passar pelo trote dos
recrutas mais antigos e estava feliz como em um sonho realizado. O toque de
clarim enchia o peito! Até os gritos do sargento eu encarava como se estivesse
no filme “Full Metal Jacket” (Nascido para Matar) de Stanley Kubrick e
idealizando a atividade bélica, eu já era um soldado (talvez tenha sido um
desde que nasci!).
Porém,
quis Deus que não fosse nessa vida. Devido ao sucateamento e a falta de verbas,
eu e mais uma porção de garotos fomos suspensos por excesso de contingência.
Lembro até hoje de quando bateram o carimbo no meu CAM. Dispensado e frustrado,
foi a primeira grande decepção da minha vida. Tenho pesadelos desse dia até
hoje. Tentei algumas vezes ingressar novamente. Fiz um concurso para a Academia
das Agulhas Negras, mas não fui aprovado, e na medida que os anos passavam,
mais se distanciava a possibilidade de tornar-me um militar. Hoje, já ultrapassando
os trinta anos, seria inviável, pois a idade limite para os concursos é de
vinte e seis anos. Poderia conseguir como militar temporário, espécie de
alferes, no entanto as outras prioridades da vida, de um homem casado que
planeja ter uma família, me levaram a outro caminho. Sonhei em entrar na Legião
Estrangeira também e quando começou a guerra da Ucrânia, por vezes fiquei
tentado em largar tudo e ir até o leste europeu me voluntariar. O coração
militarista ainda pulsa com ardor e hoje entendo que o guerreiro não é apenas o
que veste o uniforme. Existe o filósofo guerreiro, aquele que ao invés do
fuzil, porta uma pena, e seu combate se dá com as palavras. Todos devemos ter
um mínimo de filósofo, guerreiro e sacerdote em nós!
Outras
habilidades aprendi na vida, sobretudo devido à convivência com os tipos mais
estranhos. Aprendi a trapacear, bem como a ler as pessoas, seguindo sempre uma
intuição, nunca rejeitei os sentidos. Pelo contrário, estimulei o lado
sensorial ao ponto de não acreditar no discurso de outrem quando se mostra
falso, mas naquilo que meus olhos podiam captar - a forma de se portar, as
expressões faciais e interjeições na fala. Penso que se fosse um investigador
de polícia também pudesse me dar bem. A realidade das ruas obrigou-me a
sobreviver como um australopithecus na savana, e resgatando as habilidades de
um caçador coletor, passado um breve período em que estive metido em gangues e
atividades ilícitas, voltei-me para a averiguação dentro do processo
intelectual.
O
verdadeiro guerreiro não consegue deixar de o ser! Se a mim foi negada a
permissão de estar nos quartéis, eu formei minhas próprias unidades combativas,
com punks e skinheads munidos de armas brancas que tinham a prática do
cavaleiro andante. Nos considerávamos, aquele bando de desocupados, uma
formação paramilitar, forças auxiliares, paisanos que a qualquer momento que
fosse dada a ordem estaríamos de prontidão. Eu ia para a escola de calça
camuflada e coturnos. Foi um passo para o crime! A vida de bicho solto e de
brigão encurta a dos garotos, e por sorte, ou intervenção divina, não acabei em
uma prisão, embora tenha passado por reformatórios na adolescência.
A luz da maturidade recaiu sobre mim após um
tempo de turbulência. É verdade que nunca abandonei a atividade bélica, que
hoje eu traduzo em páginas e mais páginas nas noites em claro em que não
consigo parar de escrever. Sem dúvidas é muito mais seguro estar em casa
vomitando conceitos em um papel do que na rua procurando confusão. Porém,
espera lá! Não me tornei um “guerreiro” de gabinete! Ainda vago com minhas
botas na solidão da cidade grande, idealizando combates e grandes façanhas,
influenciado pelas tantas leituras de um passado que mesmo idealizado, me faz
preferir a companhia dos que já foram do que os vivos em suas vidas
corriqueiras medíocres que me rodeiam. Alguns podem dizer que isto é ainda em
mim muito daquele garoto que vivia em cima das árvores e improvisava lanças com
gravetos. Pode até ser, pois o ardor do guerreiro não acaba só por este na vida
adulta ter que pagar um boleto atrasado e o aluguel no fim do mês, afinal, qual
o papel do combatente na sociedade da “paz” artificial?
Miguel
de Unamuno teria escrito certa vez: “Uns quantos sábios, verdadeiros sábios,
mestres de verdade, guardam mais a pátria do que alguns batalhões”.
Entendo
o fato dos veteranos não conseguirem muitos deles voltarem à vida em
sociedade... O desejo da aventura, do perigo (até o de matar) e da majestade
que envolve a guerra, cruel e sedutora, faz desta uma arte como outra qualquer.
Por mais que Remarque tenha alertado no seu romance pacifista “Nada de Novo no
Front” que a guerra não é uma aventura para queles que enfrentam a morte, pelo
menos, com a segurança e a calmaria do seio do lar, eu escrevo sobre essa
atividade intrínseca à natureza humana, sem viés politicamente correto ou
ideologia hippie daqueles que cantam “Imagine” de John Lennon frente ao caos.
Pois a destruição e a ruína podem ter a sua beleza – não é por acaso que os
romanos chamavam de “Bellum” a guerra, termo que com o tempo passou a exprimir
a beleza também – O Belo.
O
combate acaba por produzir normas primordiais à vida em sociedade. Um exemplo
seria o código de cavalheiros (e de cavaleiros). A admiração e o respeito
inclusive ao oponente, algo semelhante quando faziam funerais de honra ao
inimigo abatido, quando este se mostrava destemido. O senhor da guerra
reconhece a bravura do guerreiro seja este em qual barricada estiver. Igual
quando depois de ser abatido no solo, o ás Barão Vermelho teve um ritual
fúnebre com honras militares pelos seus inimigos. Algo de semelhante ocorre no
esporte, se respeita o oponente, também treinado, e se este tiver o mesmo
código de honra, o combate por si só já é o maior motivo, deixando de lado
qualquer ideologia em questão em disputa, pois o herói sabe reconhecer os
feitos do adversário. Combater e competir são as maiores razões, acima até da
vitória ou derrota – a luta permanente!
A
maioria das nações parece ter uma foça armada, salvo raras exceções, como a
Costa Rica, desmilitarizada. San José é a sede de várias organizações
internacionais dos Direitos Humanos. Impondo a restrição aos países de formarem
seus exércitos, a História provou que pode ser um barril de pólvora, lembremos
o que o Tratado de Versalhes que limitou a Alemanha ter um exército não podendo
passar de 100 mil homens, gerou (o nazismo). As milícias nos tempos de crise,
seja na República de Weimar ou nos protestos da Wall Street atuais, as
primaveras no mundo todo e revoluções coloridas, provam que o desejo de se
organizar em estruturas de comando combativas é inerente às sociedades humanas.
No
Brasil a cidadania em boa parte da História veio das fardas. Nossa proclamação
da República e os presidentes iniciais, Deodoro e Floriano Peixoto, produziram
uma imbricação da caserna com a política. Até hoje temos o conceito do
soldado-cidadão, enquanto nos Estados Unidos é o cidadão-soldado, o que explica
a formação de milícias estaduais com civis armados. Na Rússia, herdando a
prática da ex-URSS, as crianças aprendem a montar e desmontar e manusear um
fuzil AK 47 na escola. Nações belicosas entendem a importância de se prepararem
para qualquer tipo de invasão, pois historicamente sofreram diversas
intervenções e sua importância econômica no mundo como potência exige que
estejam de prontidão.
Este
livro não é uma defesa da guerra ou da violência. Que fique bem claro isto! É
apenas uma análise madura de uma atividade tão humana, assim como a caça e o
sacrifício, que os adeptos do bom selvagem de Rousseau fizeram o desfavor de não
reconhecer, impossibilitando um estudo e olhar mais preciso de algo inerente a
nós. É um documento muito breve, pois abrange um grande período, impossível
retratar por completo tão extensa gama de acontecimentos. Aqui uso a
bibliografia de outros que fizeram grandes trabalhos sobre o tema, como o
historiador John Keegan e os livros dos quais cresci lendo e que entraram para
meu repertório e na formação de meu caráter.
O
conhecimento é livre, uma vez público, nos serve para dar sustentação à
argumentação em cima das constatações e informações feitas por outrem. Assim
como na mitologia, ele é um labirinto, então tenham em mente que este memorando
escrevi citando os livros que julguei relevantes, nele, há citações dos
autores, das quais procurei mencionar propriamente as fontes, a página e o ano
das edições, imbricadas com comentários meus. Não foi um roubo plagiado, mas
sim faço uma colcha de retalhos, filtrando as informações que achei importantes
para organizá-las a você leitor. O livro não pretende ser um trabalho acadêmico
nos moldes oficiais que exige a academia, é mais um ensaio para servir de
sustentação às mais variadas pesquisas.
Se
a política é a continuação da guerra por outros meios, assim disse Clausewitz,
eu acrescento que outros campos levam o mesmo princípio, como o comércio, a
relação entre Estados no Direito Internacional, até mesmo a competição entre
irmãos ou de um casal na criação dos filhos. Ela não se resume apenas ao jogo
político, em muitas sociedades a guerra é a própria cultura, expressão da
agressividade humana na cosmovisão de povos voltados à conquista.
Todas
relações humanas reproduzem a lógica amigo-inimigo de Schmitt, até a
cooperação, pois o altruísmo não ocorre da mesma forma quando não há a
proximidade pelo afeto, afinidade ou relações de sangue. O espírito espartano
não precisa se contrapor ao de Atenas, a democracia é garantida pela força das
armas. O conflito é o que marca a História humana. “Faça amor, mas também a
guerra!” (complementando e contrariando os hippies). A honra ao mérito propicia
o melhoramento dos indivíduos nas sociedades que premiam os melhores, a
igualdade na isonomia das leis não deve se contrapor ao talento pessoal, e o
esporte cumpre esse papel uma vez que a guerra tenta ser evitada.
É
preciso de fato um pouco mais de realismo entre nossos jovens, a compreensão de
um realpolitik que lhes será cobrado na sociedade competitiva da vida adulta. Todas
estas, procuro retratar nas seguintes páginas, são ensaios que não tratam
apenas da parte conceitual e filosófica, bem como faço um registro histórico de
campanhas desde a antiguidade até os dias atuais – uma coletânea de artigos
cronologicamente abordando as guerras mais relevantes a meu ver. Só entendendo
a lógica do conflito poderemos de fato promover uma paz mais verdadeira, e não
esta hipócrita que nos é vendida pela escola e pela mídia, aliás, quanto à real
paz, se queres alcançá-la, prepare-se para a guerra! – Si vis pacem para
bellum!
O
autor, 17 de novembro, 2022
Sinopse:
É
possível dissociar a História humana da prática da guerra? Desde a antiguidade
os processos de assimilação e aculturação se deram de forma violenta.
Vencedores impõem seu modus vivendi e cosmovisão e vencidos, submetidos ou não,
passam a integrar os impérios triunfantes contribuindo também com a sua
cultura, resultando em nações novas.
Os
povos sempre tiveram contato. A invenção da agricultura propiciou a noção de
território e com isso, trouxe a prática da conquista da terra, fazendo surgir
os exércitos organizados e permanentes. Poucos são os agrupamentos humanos do
qual a atividade bélica era desconhecida. Por muito tempo, antropólogos
embebidos de ideais pacifistas, inspirados em Rousseau, tentaram retratar a
natureza humana ligada a uma bondade inerente. Mas o que podemos constatar
analisando o processo evolutivo é que se tem algo que define a espécie humana
seja em qual rincão do mundo ela ocupe, é a guerra.
No
presente livro faço um aparato das principais guerras, da antiguidade até os
dias atuais. São resumos comentados pelo viés sociológico e histórico;
sucintos, escolhidos a dedo, onde lá está “tudo o que você precisa saber” sobre
os conflitos; batalhas, datas, atores em questão, a filosofia guerreira,
ideologias, armamentos, estratégias militares e táticas no teatro de operação ou
na retaguarda, sendo a política também uma extensão da guerra por outros meios.
Meu
avô (abuelo) Blas Vega, foto de 1936, aos 21 anos, durante a Guerra Civil Espanhola.
Serviu no exército nacionalista, atuando na frente de Zaragoza e na Batalha de
Teruel (dezembro de 1937 a fevereiro de 1938). Chegou a ser ferido em combate
com metralha.
Meu
pai, Diamantino Vega, foto de 1969, quando serviu no exército espanhol ainda
nos anos do generalíssimo, o caudilho Francisco Franco. Na foto está jurando a
bandeira.
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